claudemir pereira

A hora será de juntar cacos. Ou desfrutar do poder dos vitoriosos

Claudemir Pereira

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Foto: Renan Mattos (Diário)

O "day after" de uma eleição, e quem acompanhou várias já sabe, é de alegria dos vitoriosos e momento de juntar os cacos, no caso dos derrotados. E, claro, reunir forças para o futuro. É o que espera a direção e a militância dos partidos diretamente envolvidos na disputa deste domingo. Assim será com, na ordem alfabética, MDB, PP e PSDB - que colherão os louros ou partirão para o redescobrimento interno.

A tese só não vale para o PSL. A sigla que deu o vice Rodrigo Decimo ao candidato tucano Jorge Pozzobom se partiu em duas. Um grupo, supostamente o mesmo que, entre outros, fez campanha para o vereador Tony Oliveira, alinhou-se desde o primeiro turno com Sergio Cechin e Francisco Harrisson. E sem consequências internas, aliás, do tipo censura ou algo parecido. Então, haverá vitoriosos por ali, ganhando ou perdendo.

Se ele fosse candidato, seria o campeão no PT e vice no PP

Para além da formação do futuro governo (veja outra nota nesta página), no caso de quem vencer, ou as deliberações dos derrotados, o fato é que a vida política desses partidos não será a mesma, já no início da noite dominical. Mas, e os outros? Aqueles perdedores no primeiro turno e que se definiram (ou não) por apoiar um ou outro finalista? Como ficam?

Deixe-se de lado, aqui, embora sua importância, o Republicanos, cujos militantes médios se envolveram na campanha por esses dias, embora a isenção oficial propugnada por seu presidente, Alexandre Vargas. Posição, aliás, diversa do candidato a prefeito Jader Maretoli, que apoia Cechin.

Também se ponham no canto (sem que signifique desdouro) o PSD e o PCdoB. O primeiro, numa super-rapidez, saltou do barco petista de Luciano Guerra e assumiu, de mala, cuia e manifestação do ex-talvez vice Marion Mortari, as propostas de Cechin/Harrisson. O segundo, num apoio considerado "crítico", e pondo ressalvas que imaginava necessárias, chancelou a dobradinha Pozzobom/Decimo.

Ambos, comunistas do B e pessedistas, não mostraram qualquer dissenso. Já os outros... Bem, aqui a conversa interna terá que ser mais duradoura. São os casos e PSB (menos), PT e PDT (mais).

Se os socialistas terão apenas de conversar com o vereador eleito Paulo Ricardo Pedroso e algum outro militante mais, que se mostraram reticentes (ainda que não publicamente contrários) ao apoio a Cechin, no petismo e no pedetismo, a cobra tende a fumar.

A posição branqueadora-nulista do PT não colou bem em inúmeros militantes e até num vereador (Daniel Diniz). E a posição majoritária pró-Pozzobom se manifestou das várias formas nas redes sociais.

Já o PDT, que amarga nova derrota e não logrou ampliar sua bancada na Câmara, tem discussão intestina a fazer. Basta ver as manifestações de militantes, os mais diversos. Terá de resolver isso, como as outras siglas, a partir desta segunda-feira, não importa o resultado do pleito.

E tem mais por aí, nas diversas agremiações. Mas virá com o tempo, é o que se imagina.

Como vai se formar o futuro governo

Uma preliminar se impõe. As "relações" de secretários dos dois finalistas da eleição neste domingo, divulgadas por militantes de ambos os lados, afora óbvias fake news fabricadas na tentativa de desgastar o adversário, longe estão de significar que aqueles nomes não sejam dignos. Mas, certamente, é um desrespeito ao eleitor e a todos quantos constam das listas.

Dito isto, não é impensável imaginar que um ou outro, sem juízo de mérito, possa, no final das contas, ser chamado por quem se eleger. Mas seria prudente que nenhum deles alimentasse muitas esperanças. E por quê? Por uma singela razão: os critérios que nortearão as escolhas serão definidos pela parceria desde o primeiro turno, apoio concreto e oficial no segundo e, mais adiante, apoio parlamentar.

No caso de eleição de Sergio Cechin, pela junção (inclusive ideológica) deste segundo turno, terá de haver muito equilíbrio para contentar a todos os que se consideram no direito de participar do governo. É um problema.

Já no caso de reeleição, Jorge Pozzobom terá dificuldade semelhante, embora talvez menor, e ainda precisará conciliar com os atuais secretários - quem continua ou não no primeiro escalão do governo.

Certo, certo mesmo, é que ninguém será nomeado por memes de internet.

Quem apoiará o prefeito na Câmara de Vereadores

Certo, certo mesmo, o futuro prefeito de Santa Maria poderá contar, na próxima legislatura, com os vereadores da bancada de seu próprio partido e do coligado.

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">No caso de Sergio Cechin, os quatro do PP - Pablo Pacheco, Anita Costa Beber, João Ricardo Vargas e Roberta Leitão - e os três do MDB - Adelar Vargas (Bolinha), Rudinei Rodrigues (Rudys) e Tubias Calil.

Para conquistar a maioria, terá que buscar apoio entre os outros partidos, especialmente naqueles que aderiram à candidatura no segundo turno. Assim é que vai encontrar guarida, no mínimo para dialogar, entre os socialistas Paulo Ricardo Pedroso e Danclar Rossato e na pedetista Luci Duartes.

Essa dezena de possíveis aliados deverá contar com, pelo menos, mais um, a ser buscado entre os partidos mais maleáveis ao poder, caso do Republicanos e do PSL.

Já o atual prefeito Jorge Pozzobom parte de uma base menor, mas não menos significativa. Afinal, no poder, ninguém duvida da chancela dos tucanos eleitos - Admar Pozzobom, Juliano Soares (Juba) e Givago Ribeiro -, além do demista Manoel Badke e do pesselista Tony Oliveira.

Para fechar a conta da maioria, em caso de reeleição, acabará por pescar nas mesmas águas do atual vice. Num primeiro momento, PP e MDB, obviamente, estariam fora. Mas os eleitos do PSB e do PDT, com certeza, também seriam buscados, da mesma forma que os ungidos pelo Republicados.

Resumo da ópera: no instante inicial, estariam fora da base governista, além dos obviamente oposicionistas PT e PCdoB, também os derrotados na final. Mais adiante, estes poderão ser cooptados também. E, enfim, dependendo da habilidade do prefeito, afora as inevitáveis (e essenciais) discussões políticas, a gestão poderá ser mais ou menos tranquila.

LUNETA

UM TERÇO
71.356. Esse é o número exato de eleitores que, em 15 deste mês, não votaram (58.876), ou votaram voto nulo (5.744) ou branco (6.736). É mais de um terço de todo o eleitorado de Santa Maria que, pelas mais variadas razões, se absteve ou optou por sufrágio que se tornaria inválido. É esse o principal grupo, tomado numericamente, que pode decidir o pleito dominical e é alvo dos finalistas.

OUTRO TERÇO 
68.298. Eis a quantidade total de eleitores que escolheu os finalistas deste domingo: Sergio Cechin (35.218) e Jorge Pozzobom (33.080). É possível supor que raríssimos virem a casaca. Assim, haverá pouco menos de outro terço de eleitores que poderão definir o resultado. Exatamente dos que votaram nos demais candidatos, que ficaram para trás. Quantos? 64.620. Vamos combinar: é voto que não acaba mais.

DO ESGOTO 
Ficou feia, como poucas vezes, a reta final da campanha deste segundo turno. Um festival de "fake news", com o subterrâneo da política a se "divertir". E, pior, militantes graúdos insistindo para o escriba que era real uma notícia claramente falsa, com foto fora de contexto e indícios evidentes de crime. Será difícil atrair novidades à política com esse comportamento oriundo do esgoto.

DEIXA-DISSO?  
Não se sabe do êxito ou não. Talvez seja prematuro, na medida em que a legislatura ainda tem mais de mês e há gente graúda (e até brucutu) jogando contra. Mas o fato é que está por entrar em campo (passado um tempinho regulamentar para curar as feridas), se é que já não entrou, um time importante que vai buscar demover o vereador Daniel Diniz de deixar o PT. Quem vai levar vantagem nisso tudo?

PARA FECHAR! 
A história ensina uma lição óbvia para este momento. Tão logo os resultados oficiais sejam conhecidos, já na noite dominical, começará o assédio dos mordedores de toda espécie, para cima do candidato vencedor e seus principais assessores. Ao mesmo tempo, perdedores de segundo ou terceiro escalões estarão a espiar uma porta para se aproximar dos vitoriosos. Triste? Abjeto? Sim. Mas verdadeiro.

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